Por Eng. Ane Denise Piccinini de Maldonado
1-Divergência das legislações , normas e procedimentos que regem estes projetos:
No Brasil, as normas da ABNT deveriam ser as únicas que regem a elaboração de todos os projetos no Brasil, de uma forma uniforme. No entanto, cada estado criou sua norma que diverge em muito das ofertadas pela ABNT. Neste caso, cada estado pede o que quer e os profissionais devem conhecer uma gama de legislações diferentes, dependendo de onde se situa uma edificação que se está projetando.
Assim, uma dica é de que em primeiro lugar o profissional estude uma norma correspondente ao estado em que uma edificação em projeto está sendo planejada. É fundamental para bons projetos e menor dificuldade técnica em executá-lo deter o conhecimento técnico de legislações, normas e procedimentos que os reges.
2-Desuniformidade na interpretação das normas
Esta é uma dificuldade muito grande nos processos de análise de projetos para os técnicos que deferem as aprovações. Cada analista interpreta de forma distinta a mesma norma e a falta de uniformidade técnica chega muitas vezes a provocar discussões conflitantes entre os profissionais, gerando até conflitos pessoais entre os mesmos, aumentando ainda mais as dificuldades de aprovação dos processos
3-Falta de conhecimento técnico de formação
Aqui reside uma grande dificuldade nos processos de análise e aprovação dos projetos. Muitas vezes o próprio profissional que trabalha no projeto não perde o tempo devido no estudo de legislações, normas e procedimentos e os processos são montados com muitos erros de concepção de projeto atrelado as suas normativas.
No entanto, a pior dificuldade encontrada no mercado é quanto a formação técnica limitada dos profissionais de dentro de alguns órgãos que analisam os processos e os aprovam. Muitas vezes falta o conhecimento aprofundado de formação técnica, pois muitos analistas não são engenheiros formados. Para dar um exemplo que acontece com bastante frequência, no Corpo de Bombeiros, muitos que analisam projetos de engenharia receberam apenas um treinamento interno da corporação para serem analistas de projetos. Como resultado, para muitos, até uma leitura e compreensão técnica dos desenhos técnicos de projeto são limitados, que dirá o conhecimento de cálculos complexos de engenharia hidráulica, engenharia elétrica e engenharia como um todo.
Uma disparidade de conhecimento entre os interlocutores de projetos tem gerado grandes dificuldades nos processos de aprovação de projetos.
O correto seria que os projetos sejam elaborados e analisados apenas por profissionais com formação de engenharia completa, devidamente habilitados no CREA para exercer tais funções. Esta disparidade de formação técnica acaba gerando discussões e entraves pouco produtivos e muitas dificuldades em busca de um denominador comum para aprovação correta dos processos. O Estado deveria investir mais na contratação de profissionais tecnicamente e legalmente habilitados para esta atividade de
engenharia que exige conhecimento fundamentado.
4-Uso de Burocracia Desnecessária
A falta de uniformidade nos procedimentos de trâmites dos processos de aprovação dos projetos é causa de muita dificuldade na fluidez dos mesmos. A parte de que cada estado e município acabou criando seus procedimentos distintos, a burocracia criada por cada um dificulta a comunicação fluida e eficaz para o tempo em que os processos tramitam dentro do órgão. Muitas etapas poderiam ser suprimidas dos processos de forma a aumentar a velocidade com que as informações fluem e assim ganhar tempo nos processos que atualmente tardam muito para serem tramitados, prejudicando o mercado da construção civil em sua fase de legalização das obras em planejamento.
5-Carência de Profissionais
Existe uma carência de engenheiros formados exercendo a função de analistas de projetos em todo o Brasil. A dificuldade do Estado em contratar acaba acumulando os poucos profissionais com os processos que se empilham em suas mesas sem solução eficaz. Poucos profissionais habilitados para muitos processos em trâmite, este é o retrato atual dos órgãos que aprovam e legalizam os projetos de engenharia no Brasil. Assim, os processos acabam exigindo um tempo demasiado longo para serem deferidos. Isto impacta diretamente o mercado da engenharia civil no Brasil, que se vê enredado em uma burocracia lenta para a resposta que o mercado exige.
6-Facilitação de corrupção nos processos
Todas as dificuldades anteriormente citadas criam um espaço extremamente favorável a corrupção do sistema em criar facilidades para poucos privilegiados, a fim de ganhar tempo e legalidade em processos. O Brasil tem sido alvo de práticas corruptas que permeiam todos os órgãos estatais que concedem aprovações e legalizações de edificações. Quando se criam dificuldades involuntariamente e muitas vezes até voluntariamente, existe uma formação de um meio propício para a corrupção, gerando-se facilidade para alguns que entram num processo de corrupção consentida. Mesmo que estas práticas estão cada vez mais vigiadas e banidas de nossa sociedade elas ainda existem e cabe a todos os profissionais denunciarem as práticas ilegais de corrupção para o favorecimento de aprovação dos projetos de poucos privilegiados.
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